Alem de Jardineiro e Papai Noel, nosso Paulo da Frente de Trabalho também é poeta
Segue um exemplo da veia artística deste homem multimídia.
O Menino e a Jaca
Autoria: Paulo Lu
Paulinho viu de longe
O longo pé de jaca desnudo
Aproximou-se lentamente
Acariciando os contornos
De nós ásperos, num tecido liso
Escalou, pausadamente, os primeiros galhos.
Até alcançar o primeiro fruto
Bonito de boa formação
Com a mão, acariciou-o
Percorrendo-o e o apalpando
Sentido sua maciez de casca amarelada
Que reveste as bagas maduras
Sentiu o cheiro característico da fruta
O perfume penetrou nas narinas
Dando asas à imaginação
Numa dobra, encontrou
Uma fissura, introduziu um dedo, depois outro
Mergulhava na polpa viscosa
Quanto mais fundo ia, tentava retirar uma baga carnuda
A boca, enchera de saliva, babava literalmente pelo canto da mesma.
Quando um grito o despertou,
Era seu Célio, dono do pomar
Aos brados, e enfurecido gritava...
Tire as mãos daí, seu atrevido!
Isto é meu, seu pirralho. Pula daí!
Paulinho caiu em si.
Atônito, deixou tudo para trás,
E aos poucos se repôs carregando consigo
A imagem viva da jaca fresca
Seu cheiro, o aroma, estava em sua mente
Como nunca sentira antes
Vontade de provar do fruto
Saboreá-lo, melar seus lábios no visgo
Chupar suas bagas, empapuçar
Até não agüentar mais,
Mas seu Célio estragou sua festa
E só saudade restou.
Hoje, depois da jaca e da jaqueira
Que no pomar, encontrou.
XXXXXXXXX
Moça
Se esta casa fosse minha
Moça simpática, desculpe a expressão,
Dos meus desatinos, vindo do coração
Mandava acarpetar com tapetes vermelhos
Combinando com sua cor mulata
De morena, sutil aveludada, encarnada
Se não fosse um papai Noel vulgar
Que os deuses me fizessem um mago
Para me transformar num beija-flor
E em seu ombro pousar
Cantar em teus ouvidos
Que trazem os murmúrios do mar
Na doce alma de mulher
Neste jardim modesto de verde rastejante
Plantaria flores de cor viva escarlate
Contrastando com sua pele jambo
Em composições degradantes
Como uma aquarela fascinante
De variagatas a variegatas
Aos pés das palmeiras elegantes
E os troncos enormes dos bejamins
Trêmulos aos ventos do fim da tarde,
Num único tom
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