quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Poemas

Alem de Jardineiro e Papai Noel, nosso Paulo da Frente de Trabalho também é poeta

Segue um exemplo da veia artística deste homem multimídia.

 

O Menino e a Jaca

Autoria: Paulo Lu

 

Paulinho viu de longe

O longo pé de  jaca  desnudo

Aproximou-se lentamente

Acariciando os contornos

De nós ásperos, num tecido liso

Escalou, pausadamente, os primeiros galhos.

Até alcançar o primeiro fruto

Bonito de boa formação

Com a mão, acariciou-o

Percorrendo-o e o apalpando

Sentido sua maciez de casca amarelada

Que reveste as bagas maduras

Sentiu o cheiro característico da  fruta

O perfume penetrou nas narinas

Dando asas à imaginação

Numa dobra, encontrou

Uma fissura, introduziu um dedo, depois outro

Mergulhava na polpa viscosa

Quanto mais fundo ia, tentava retirar uma  baga  carnuda

A  boca, enchera de saliva, babava literalmente pelo canto  da mesma.

Quando um grito o despertou,

Era seu Célio, dono do  pomar

Aos brados, e enfurecido gritava...

Tire as  mãos daí, seu  atrevido!

Isto é meu, seu pirralho. Pula daí!

Paulinho caiu  em  si.

Atônito, deixou tudo para  trás,

E aos poucos se repôs  carregando consigo

A  imagem viva da  jaca  fresca

Seu cheiro, o aroma, estava em  sua  mente

Como nunca sentira  antes

Vontade de provar do fruto

Saboreá-lo, melar seus  lábios no  visgo

Chupar suas bagas, empapuçar

Até não agüentar mais,

Mas seu Célio estragou sua  festa

E só saudade restou.

Hoje, depois da  jaca  e  da  jaqueira 

Que no pomar, encontrou.

 

XXXXXXXXX

 

Moça

Se esta  casa  fosse  minha

Moça simpática,  desculpe a expressão,

Dos meus  desatinos, vindo do  coração

Mandava acarpetar com  tapetes  vermelhos

Combinando com  sua  cor  mulata

De  morena,  sutil aveludada,  encarnada 

Se  não  fosse  um  papai Noel vulgar

Que  os  deuses me  fizessem um  mago

Para  me  transformar num  beija-flor

E em  seu  ombro  pousar

Cantar em teus ouvidos

Que trazem os murmúrios do mar

Na doce alma de mulher

Neste jardim modesto de verde rastejante

Plantaria flores de cor viva escarlate

Contrastando com sua pele  jambo

Em composições degradantes

Como uma aquarela fascinante

De variagatas a variegatas

Aos pés  das  palmeiras elegantes

E  os  troncos enormes dos  bejamins

Trêmulos aos ventos do fim da  tarde,

Num único tom

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